terça-feira, 3 de agosto de 2021

OS TRENS EM CANGUARETAMA - HISTÓRIA DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

 


A Revolução Industrial exigiu um novo paradigma para a sociedade. A produção em grande escala necessitava de transporte adequado e os trens foram a resposta inicial para o problema. Para um país de economia agroexportadora, como o Brasil, as ferrovias integrariam as regiões produtoras com os portos marítimos, mas significavam investimento muito alto para o governo. A primeira ferrovia do Brasil foi um investimento particular do Barão de Mauá inaugurada em 1854 por D. Pedro II. Depois disso as empresas estrangeiras passaram a dominar o setor. 

A primeira estrada de ferro do Rio Grande do Norte foi criada pela Lei Provincial nº 682, de 8 de agosto de 1873, para ligar Natal à Nova Cruz. A obra só foi concluída em 1883, mas em 31 de outubro de 1882 o trecho que liga Natal à Canguaretama estava aberto ao tráfego. Essa primeira Ferrovia deveria integrar a área de produção de açúcar e algodão do sul da província com Natal. Seu trajeto sinuoso expressou bem como o governo tentava beneficiar os produtores da região passando por suas fazendas. Entretanto, a viabilidade econômica da ferrovia só ocorreu quando seu controle foi entregue a empresa Great Western, em 1901. Um novo trecho se estendeu até a cidade paraibana de Guarabira e interligou o sistema com a Paraíba e Pernambuco. Nos anos de 1930, Getúlio Vargas ordenou a reorganização do sistema ferroviário brasileiros estatizando várias empresas. 

Com surgimento da RFFSA, em 1957, parecia que as ferrovias teriam um futuro garantido. Porém, o Estado Brasileiro, influenciado pela indústria automobilística norte-americana, optou pelo transporte rodoviário nessa mesma época. Com os governos militares, a influência norte-americana aumentou e o projeto ferroviário passou a ser esquecido. Aos poucos o sistema perdeu importância e passou a servir apenas ao transporte de mercadorias. A mobilidade do transporte rodoviário, aliada ao sentimento de individualismo do modo americano de viver, criou condições para o desuso do transporte ferroviário. 

O sistema ferroviário que servia a Canguaretama integrava transporte de passageiros e mercadorias, passando pela cidade por volta das 7 horas e chegava em Natal às 11. A volta se dava às 13h15min, chegando a Canguaretama por volta das 17 horas. Um trem que vinha de Recife passava regularmente nas terças e sextas-feiras, voltando nas quartas e sábados. A parada de Piquiri foi construída para fazer o abastecimento de água, do rio que passa próximo, na época dos trens a vapor. 

No início do século, no município havia um serviço de transportes urbanos, a Companhia Ferro Carril de Canguaretama. O percurso era feito de bonde à tração animal e troles, com os trilhos ligando o porto à estação. As mercadorias que entravam pelo porto poderiam ser encaminhadas pelo tem e chegar com maior agilidade aos vários pontos alcançados pela ferrovia. Transportava-se principalmente sal, madeira, açúcar e aguardente, além dos passageiros que serviam-se dos trens da Great Western. 

Na atualidade as ferrovias são subaproveitadas e não existe interesse real da sociedade em mudar a situação. Mesmo sendo um transporte barato que poderia baratear os custos das mercadorias, a carga tributária faz com que muitos empresários optem pela mobilidade do transporte rodoviário para burlar a fiscalização.

FONTE – HISTÓRIA DE CANGUARETAMA

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE CANGUARETAMA

 
ABAIXO: A estação em 2020, reformada e como centro de inforações turíticas (palavra esta que não está no plural, como deveria estar) Foto @rodrigo_henrique015 em 14/8/2020).




HISTORICO DA LINHA: A linha que originalmente unia a estação de Brum, no Recife, a Pureza, próximo à divisa entre Pernambuco e Paraíba, foi aberta de 1881 a 1883 pela Great Western do Brasil, empresa inglesa que tinha a posse e a concessão da E. F. Recife ao Limoeiro. Esta linha avançou até Pilar, na antiga E. F. Conde D'Eu, incorporada à GW em 1901, onde sua linha, aberta em 1883, entre outros ramais, avançava até Nova Cruz, já no Rio Grande do Norte e da E. F. Natal a Nova Cruz, que também passou à GW, na mesma época. Para ligar estas duas últimas, a GW construiu em 1904 um trecho de 45 km, formando então o que veio a ser chamado de Linha Norte. Quando ocorreu a venda da GW para a Rede Ferroviária do Nordeste, no entanto, o trecho do RN já não mais pertencia à GW, mas foi incorporado à RFN, e em 1957 tudo isso foi uma das formadoras da RFFSA. A linha está ativa até hoje sob o controle da CFN, que obteve a concessão da malha Nordeste em 1996, mas trens de passageiros não circulam mais por essa linha desde os anos 1980.

 

A ESTAÇÃO: A estação de Canguaretama foi inaugurada em  31 DE OUTUBRO DE 1882, na mesma época em que se instalou ali a Usina Maranhão.

Em 2000, estava sendo utilizada como moradia. Em dezembro de 2005 ali funcionava um bar.

"A linha toda está abandonada até não sei onde e porque. Neste trecho da divisa com a Paraíba a linha serpenteia por uma região muito bonita" (Rodrigo Cabredo, 12/2005).

Em 2020 a estação estava muito bem conservada. Parecia ser um posto de informações turísticas, como podemos ver pela foto no caixa abaixo.

 

FONTE – ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS

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